Avenida do Brasil 53
por favor, não psiquiatrizem isto.
estava uma manhã de sol radiante. daquelas primeiras manhãs de luz que nos deixam hipertímicos e nos obnubilam da realidade. reparei que as árvores finalmente têm flores, e pensei que não tardam os espirros próprios deste espírito de revolução que enche nesta época os jardins.
no caminho para o 24A, mantivemo-nos neste estado eufórico, descobrindo atrás de cada edifício um recreio, camas com pernas de gigante ou contornando um tronco de árvore. enfim, um sítio onde apetece ficar, deitado na relva ou sentado num banco de pedra a ler um livro. até que fomos acolhidos por um doutor de bigodaça que disse assim «ó filha, anda cá» e por uma quarentona de vestido listado e eye-liner de femme fatale esborratado ao canto do olho.
devolveu-me qualquer coisa o jovem que desajeitadamente ensaiava na sua viola o kharma police.
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