Fuga
Talvez se possa começar assim: a noite desce sobre a cidade. O nevoeiro fino, peganhento, sobe do rio.
Ou então, assim: ele vira-se na cama e acorda. Alguém está deitado a seu lado, morto. E, enquanto olha o morto, diz em voz alta:
- Sacana! Matou-se sem dizer nada.
A luz talvez entre por uma fresta aberta nas cortinas. Uma gota de suor acender-se-à na sua testa, e escorregará como um pirilampo até ao queixo.
Não. O melhor é pôr de lado, imediatamente, esta história.
Recomeço: estou num café e escuto:
- Pois é...imagina que levava os amantes ao zoo...
Mas o seguimento perde-se no quinto whisky.
Ou então, assim: ele vira-se na cama e acorda. Alguém está deitado a seu lado, morto. E, enquanto olha o morto, diz em voz alta:
- Sacana! Matou-se sem dizer nada.
A luz talvez entre por uma fresta aberta nas cortinas. Uma gota de suor acender-se-à na sua testa, e escorregará como um pirilampo até ao queixo.
Não. O melhor é pôr de lado, imediatamente, esta história.
Recomeço: estou num café e escuto:
- Pois é...imagina que levava os amantes ao zoo...
Mas o seguimento perde-se no quinto whisky.
(Al Berto)
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