11 de dezembro de 2006

Dejá Vu

era em janeiro, horas avançadas. uma insistência minha em ficar. à espera de alguma coisa que viesse - e que veio. como é habitual nas minhas reconstruções mentais, recordo-me de que havia um cheiro distinto e peculiar, que agora não consigo identificar, entranhado no meu corpo, que assinala a impressão dos dias na memória. já então não me conformava com o acto passivo da observação, adicionava-lhe a tentativa de conservar a cada objecto a alma que se lhe atribui.
uns meses antes, repararas no autor sul-americano que me acompanhava, e do qual tenho dois livros abertos no raciocínio. corrompia-me um formigueiro no dejá vu da tua atenção. corrompia-me a consciência da corrupção. mas ouvia repetidamente a música antes de me deitar.
sucederam-se os meses seguintes, inúmeras vezes te escrevi, nunca me denunciei. há que tempos que não ouvia aquela música. hoje lembrei-me.