21 de abril de 2009

Mojito

já ando nisto há alguns anos e ainda não aprendi as manhas do meu superego. ou desaprendi. o que me faz não dar ainda por finda a minha never ending story de desamores trágico-cómicos. não podia vir em melhor altura este encanto platónico, fazendo estremecer o meu rigor mortis emocional de tal forma que a princípio pensei tratar-se de uma perturbação de ansiedade. mas isto é outra coisa, faz assim um círculo à volta do umbigo e não dá falta de ar. tão-pouco cursa com sensação de morte eminente ou alterações do sono. (era o que me faltava, depois de todos estes anos de negação e literatura existencialista, uma paixão barroca dessas que tiram o sono e a fome.) não, na realidade apraz-me bastante este estado de alma. traz-me as coisas boas da infância, aquelas que me fazem chorar de paz (não sei bem explicar, mas é o sol a queimar as costas depois do mar, as gaivotas à minha volta numa tarde de inverno, a primeira história que escrevi). traz-me tanto de mim que já não sei se o que me encanta tanto não será só um reencontro com a mais bonita das bonecas russas que me habitam. e então deito-me e dou pontapés de entusiasmo no ar.