Ler Devagar
conheci esta livraria ainda no bairro alto, numa estreita perpendicular à rua da rosa. visitei-a primeiro a propósito de uma conferência em que um dos intervenientes era o professor de psiquiatria, dissertando sobre alienações (coisa curiosa, pensámos à partida, e não nos desenganámos). o outro interveniente era um antropólogo com um defeito da fala irritante, e a moderadora uma conhecida senhora anti-regime, não interessa as voltas que deu, que outros há que foram parar bem mais longe. o público era constituído maioritariamente por homens de meia idade de barbas grisalhas, e bem se adivinha o que isto significa. hoje fui até à nova ler devagar, agora na lx factory, uma antiga fábrica em alcântara, recuperada para cafés e outros espaços comerciais (capitalizada, pode ler-se, se tal se pode dizer de um espaço que nunca outra coisa foi senão capital), com muito estilo ressalve-se. a livraria fica na antiga tipografia, e podemos mesmo passear pela maquinaria. no tecto do átrio está pendurado um bicho da joana vasconcelos, muito engraçado por sinal. cheira a tinta, cheira a papel, cheira a oficina. tem sofás, mesinhas e cinzeiros por todo o lado. uma caixa de arquivo com autocolantes com trocadilhos como "bass me the salt" ou "smells like bit spirit". e, claro, livros que nunca mais acabam.
1 Comments:
Bom, gostei. Também eu conheci esse primeiro espaço, e tenho ideia dum segundo na Calçada Marquês de Abrantes, mas secalhar estou a fazer confusão. Desta casa da rotativa ainda só ouvi falar, mas parece-me que vale mesmo a pena. Para já gostei muito da descrição feita!
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