18 de janeiro de 2010

Lugar Lugares

como Herberto Helder,
e ainda a pensar nestes dias da R.

quando penso évora penso mil e uma coisas, e muitas destas podiam ter lugar em muitos outros lugares (e porque não antuérpia ou singapura?). e, mesmo que estas coisas não tivessem tido lugar, foi em évora que passei os dias mais contemplativos dos meus últimos anos. os primeiros dias que por lá passei foram de chuva miudinha. depois o sol apareceu, primeiro entorpecido e depois desavergonhado. nos primeiros dias que passeei pelo jardim, as árvores pareciam-me uma amazónia encantada. não me lembrava de nenhuma pintura onde a luz fosse filtrada de uma forma tão pacificante. nem de um espaço aberto onde me sentisse tão protegida como no parque de merendas, era mesmo como se fosse o meu quarto, sem paredes, com uma gigantesca janela sem vidro. o vinho também tinha outro gosto, e a música o mesmo gosto de sempre, que era tão bom. e por falar em gostos, é claro, havia a sericaia.