16 de abril de 2006

Aqui

não quero estar aqui. é uma formulação simples, não achas? esta é a minha casa, esta é a minha sala, esta é a minha mesa e esta é a minha cadeira. no entanto o meu olhar esguelha-se à procura de pontos de fuga. há uma lantejoula no teu riso que transborda delicado no ar e se despeja grotesco no meu tímpano. não quero estar aqui. as coisas estão fora do sítio, não pode ser. já te disse: quero a asa da chávena voltada para o meu lado direito, o torrão de açúcar e a colher do esquerdo (bem sabes que não ponho açúcar, mas olho para o torrão enquanto o chá arrefece). é gente a mais. não quero estar aqui. quero alguém que critique exaustivamente a minha escrita e tu nem tens tempo para me ler.