8 de abril de 2006

Objecto e Objectiva

ela diz que alguém lhe disse que os homens amam e as mulheres são amadas. eu respondo-lhe que andam para aí umas mulheres de má vida que preferem tirar fotografias a deixarem-se fotografar.
jogavas às escondidas quando eras miúda? não eras sempre tu a esconder-te, pois não? hoje sou eu a contar até dez. hei-de encontrar o miúdo, vais ver. (o hábito secular de ocultar os tornozelos e outras curvinhas do ser, revelando as partes que só sugerem mas não mostram, induz-nos, de facto, a não procurar - mas, que diabo, fomos nós que inventámos os esconderijos e só nós é que podemos reconhecê-los.) hei-de encontrar o miúdo, vais ver. aposto que está entre duas circunvoluções - só não sei quais - a rir-se de mim por pensar ter vislumbrado as mãos dele na sombra de umas asas de papel. mas é um riso que me devolve a mim antes de chegar ao dez.
NOTA: também em Salvador Dalí podemos observar a integração de conceito, objecto real e elaboração mental.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Pintamos o mundo com os nossos olhos para que seja apenas a tela de um sonho bonito. Mas não temos coragem para viver nela e, por isso, continuamos a colocar-nos objectivamente atrás dessa imagem etérea.

12:29 da tarde  

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