Dei por mim
dei por mim a pensar nessa manhã no jardim botânico, em que se desorganizou no meu quadrilátero-de-linguajar uma sucessão de palavras que talvez fizessem algum sentido entre si se copuladas por vocábulos que normalizassem o enquadramento sintáctico. mais tarde, viria a ler sobre o método psicanalítico na corrente surrealista.
dei por mim em cima da tua cama.
dei por mim ao fundo das tuas escadas, a misturar o rodopio à volta do meu umbigo com o saracoteio dos meus tímpanos (não parava de chover lá fora).
dei por mim a escrever-te uma frase que ainda hoje me comove. mas já não me lembro bem. começava assim: «tenho os pés cobertos de frio»...
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