14 de fevereiro de 2006

Sistema Nervoso Simpático

ainda acredito que o mundo não está irreversivelmente perdido. alguém no outro dia dizia qualquer coisa acerca de crescermos a ouvir histórias que acabam com «e viveram felizes para sempre» e em que os personagens são, invariavelmente, criaturas prototípicas da beleza neoclássica, regra geral morgados de boas famílias. dizia ela que (ou fui eu que pensei que?), obviamente, tais representações icónicas não vão tomar café aos mesmos sítios que as pessoas de carne e osso e (isto fui eu que pensei) tais arquetipificações dificultam os relacionamentos interpessoais na medida em que corrompem a objectividade, o bom senso e a especificidade dos afectos. isto porque entre os órgãos periféricos e o córtex sensorial vai um sinuoso trajecto polissináptico - mas, se fosse só isso, seria bastante simples. o complicado é que os contos de fadas activam as áreas de associação por comparação com experiências passadas. e depois o sistema límbico que ninguém percebe muito bem. (pensar na tricotomia empirismo vs racionalismo vs apriorismo)
ainda assim, acredito que o mundo não está irreversivelmente perdido.

1 Comments:

Blogger R. said...

sim, eles não se sentam a conversar, não se pasmam com uma paisagem, não têm momentos de indecisão, não testemunhamos a génese da sua aprendizagem. Por outra, são dicotomicamente bons ou maus, belos ou feios, estereótipos de bons e maus exemplos. E quando se chega à perfeição, a história acaba. E aí? O que acontece? Como reagem no dia-a-dia à nova situação em que culminaram? "Viveram felizes para sempre"...mas como é o sempre? Inteligentes a Julieta e o Romeu, que não tiveram de provar que o seu amor era eterno...

1:09 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home