3 de agosto de 2004

La Chinoise

GODARD, (Jean-Luc), cineasta francês (n. Paris 1930). Crítico, logo no seu primeiro filme, À bout de souffle, 1960, dá o tom da nouvelle vague: personagens românticas, desenvoltura e vivacidade de uma narração cheia de citações literárias, pictóricas e cinematográficas. Realiza em seguida: Le Petit Soldat (1960), Vivre as vie (1962), Les Carabiniers (1963). Com Le Mépris (1963), retira do romance de Moravia uma tragédia soberba e implacável que põe em causa as relações entre homens e mulheres, entre cineastas e produtores, entre cinema e realidade. Este primeiro período continua com Pierrot Le Fou (1965), La Chinoise (1967). Depois de 1968, realiza principalmente filmes militantes e experiências com vídeo.
Fumo, paro de escrever, fumo e relembro a exaltante acentuação da rapariga loira, no bar, quando me disse: «Você é da geração de 60». Nessa época era preciso ter coragem para se ser mau, e pensávamos que o acontecimento menos natural seria talvez viver-se como um ser humano. Jean-Luc Godard proclamava, um tanto imbecilmente, penso hoje: «Sou um trabalhador artístico da informação». Exibicionismo de palavras a que a nossa formação se opunha mas cujo objectivo transgressivo louvávamos em pensamento.
(Baptista Bastos)