31 de março de 2006

Santiago

de compostela.
da almirante reis, a aorta de olissipo, até à minha travessa - em registo anacrónico.
em pezinhos de lã, para não acordar os meninos que ainda conseguem dormir debaixo de fogo cruzado. (« - não temas a guerra civil, ainda assim ganharás o teu pão pelas esfarrapadelas dos feridos.») três ruas de janelas adormecidas ou dormentes - não percebo onde vão buscar esses disparates de que o crime urge na urbe. foi então que me ocorreu, santiago de compostela, avó não chegaste a levar-me lá e agoras estás outra vez a aguardar o fim nas hemorragias que desfazem outra avó. o brasileiro de camisa indiscreta que bichana incongruências convenientemente imperceptíveis. as escadas que descem para a rua dos tiros, que nunca me atrevi a pisar mas que todos os dias via da marquise - o cheiro insuportável que emanam os canos quando abril passa a ser maio maduro. (« - perdeste o tino outra vez. falta de chá é um deficit de decência moral.») chega-me saber que ainda posso sentir, ainda que fora de todas as leis, ainda que gesto algum abale a indiferença gerada por um contrato pré-estabelecido. boneca de collants turquesa chama o meu nome do outro lado da estação de metro. junto a palma das mãos, depois os dedos, «D» é de dormir.