26 de setembro de 2006

Precipitação

o limite de solubilidade de um líquido é um valor importante. um copo é uma estrutura sem tampa. representem os ideais o solvente e os objectivos o soluto.
enquanto se agita o conteúdo do copo com a colher, o soluto dilui-se no solvente (os objectivos diluem-se nos ideais), assim o volume conjunto das partes que compõem a solução não exceda a capacidade do recipiente. não é conveniente provocar o transbordo dos ideais - o copo ficaria rapidamente vazio, sem que haja leis físico-químicas que expliquem esta transição. se a solução deixa de ser agitada, o soluto tende a depositar-se, progressivamente, no fundo do copo, até que a concentração da solução não ultrapasse o ponto de saturação para aquele soluto.
(os objectivos anulam-se parcialmente, permanecendo alguns em suspensão nos ideais)
esta acção (passiva) é frequentemente traduzida pelo verbo "assentar" (analogamente, conformar).
sucede que, se o copo for esquecido por tempo indeterminado, por exemplo em cima duma mesa em local que se encontre à temperatura ambiente, o solvente (os ideais) tendem a volatilizar-se. e, progressivamente, os objectivos continuam a depositar-se inertes no fundo do cpo. daí a importância do limite de solubilidade, da colher que agita a solução, dos dedos que prendem e fazem girar a colher e do sistema nervoso que coordena a mão.

24 de setembro de 2006

Calle de la Lune

Barcelona, Setembro de 2006

Filosofia da Alcova

"O amor não é senão uma cristalização do desejo. Precisa de muitos sacrifícios para inventar a originalidade. (...) Com 23 anos ninguém é o Marquês de Sade. Acorda e pensa nisto. Acho que estás a adormecer à sombra dos teus folhetins."

Agustina Bessa-Luís, in «Fanny Owen»