25 de novembro de 2006

Affair

end of november
I forgot your birthday but you didn't care
that's the end of this affair

20 de novembro de 2006

Idealistic Future

Will someone please call a surgeon
Who can crack my ribs and repair this broken heart
That you're deserting for better company?
I can't accept that it's over...
I will block the door like a goalie tending the net
In the third quarter of a tied-game rivalry
So just say how to make it right
And i swear i'll do my best to comply
Tell me am i right to think that there could be nothing better
Than making you my bride and slowly growing old together
I feel I must interject here you're getting carried away feeling sorry for yourself
With these revisions and gaps in history
So let me help you remember.
I've made charts and graphs that should finally make it clear.
I've prepared a lecture on why i have to leave
So please back away and let me go
I can't my darling i love you so...
Tell me am i right to think that there could be nothing better
Than making you my bride and slowly growing old together
Don't you feed me lines about some idealistic future
Your heart won't heal right if you keep tearing out the sutures
I admit that i have made mistakes and i swear
I'll never wrong you again
You've got a lure i can't deny,
But you've had your chance so say goodbye
Say goodbye
The Postal Service, «Nothing Better»

19 de novembro de 2006

Salive

« Salive ROUGE salive urbaine danseur du silence où toute la nuit?
« Salive à la fenêtre vêtu avec un linceuil exhale un parfum insensé

« je voyage sans toi douleur sourde qui me ronge jour et nuit
« j'invente d'autre plaisirs d'autres perversions d'autres meurtres qui conservent en vie ce corps nomade
(...)
« cri qui désire un autre corps au bout des doigts »

Al Berto, Salive, Hotel de la Gare

17 de novembro de 2006

Chinelo

15 de novembro de 2006

Paris Je t'Aime

o espectador, se acompanhado pelo par de um relacionamento amoroso, colabora no cliché - que é assumido sem vergonha, com criatividade e sarcasmo. análogo de Coffee & Cigarettes (e por isso aqui tem referência, não costumo ter muito a escrever sobre os filmes que vejo), encontra a unidade no tema e a heterogeneidade nas diferentes formas como esse tema é filmado - e aqui se destaca do C & C, que decorre a preto e branco. este consegue ser, também, melodicamente irónico, melancólico, cómico, reflexivo, doce. e conta a história de uma parka vermelha.

nota: IR VER.

Garra

Well I stopped in at the Body Shop Said to the guy: I want stereo FM installed in my teeth And take this mole off my back and put it on my cheek. And uh...while I'm here, why don't you give me some of those high-heeled feet? And he said: Listen there's no guarantee Nature's got rules and Nature's got laws but listen look out for the monkey's paw And I said: Whaaat? He said: The gift of life it's a twist of fate It's a roll of the die It's a free lunch A free ride But Nature's got rules and Nature's got laws And if you cross her look out! It's the monkey's paw It's sayin: Haw haw! It's saying Gimme five! It's sayin: Bye bye! I know a man he lost his head He said: The way I feel I'd be better off dead. He said: I got everything I ever wanted Now I can't give it up It's a trap, just my luck! The gift of life it's a leap of faith It's a roll of the die It's a free lunch A free ride The gift of life it's a shot in the dark It's the call of the wild It's the big wheel The big ride But Nature's got rules and Nature's got laws And if you cross her look out! It's the monkey's paw You better Stop! Look around! Listen! You- could- be- an- oca- rina*- salesman- going- from- door- to- door. Or- would- you- like- to- swing- on- a- star- and- carry- moon- beams- home? Or- next- time- around- you- could- be- a- small- bug- Or- would- you- like- to- be- a- fish? The gift of life it's a twist of fate It's a roll of the die it's a free lunch A free ride The gift of life it's a shot in the dark It's the call of the wild It's the big wheel The big ride But Nature's got rules and Nature's got laws And if you cross her look out! It's the monkey's paw It's singin': Gimme Five! It's singin': Bye Bye!
Laurie Anderson, The Monkey's Paw
* sempre percebi cocaína...

14 de novembro de 2006

Empatia

quem está sentado na frente das lojas desocupadas apropria-se das desesperanças de quem passa e sabe ler a apatia-no-olhar de cada um.
« . faz-me companhia para um café.»
provavelmente abandonou as causas para a progressão da sociedade, que consomem os dias e transformam um envolvimento romântico em sexo ocasional.
« . por favor...não me recebas com essa ternura que mimetiza o amor.»
ou então foi abandonado pela família, pais ou filhos ou netos, por estar gasto e já não servir, como um trapo-de-chão desbotado, roto e esfarrapado.
« . nunca hei-de constituir família.»
recorda os risos da juventude, aquele dia de que ficou a data, sem nada restar do que o tornou marcante. reconhece finalmente que o indivíduo é a unidade funcional da civilização, e que por isso também estar-só ou passear de mãos dadas é uma revolução, uma viragem no poder.
« . estou só exausta de não receber flores.»
o nevoeiro volta a descer. aquela menina já não traz rancor.
« . ninguém volta ao que já passou.»
tenho pressa.

9 de novembro de 2006

Dissonância

não consigo deitar-me tarde. não consigo adormecer cedo.
o frigorífico murmura e suspira ocasionalmente, como uma dançarina de alterna. a máquina-de-lavar-loiça parece uma viúva a carpir num funeral de província. preferia o ruído da água a cair na água, numa fonte de pedra no meio do Jardim Botânico, numa manhã de frio. e no entanto, custa-me passar 3 dias sem ouvir o zumbido do Metro.
a bata-branca diz que o ziguezague do traçado é por causa da corrente alterna. a minha avó, que era viúva, tinha medo da trovoada porque uma vez viu um raio cair numa árvore a uns metros de distância. mas acho que lá a convenceram a fazer o electrocardiograma. estava um rapaz numa cadeira-de-rodas com um colar cervical, uma senhora de muletas cruzou-se comigo à saída da casa-de-banho, e quem tem o olhar mais triste é o homem de bigode que tira os cafés.
e eu que não consigo deitar-me tarde nem adormecer cedo.

8 de novembro de 2006

-te

logo hoje que me apetecia-te escrever-te, não sei onde deixei o caderno...
escrever-te. tu, o subentendido e entendido, o nunca-exposto. ao fim de umas quantas hesitações lá te pensei...escrever-te, não sei. para ti, já. mas não era escrever para ti, era escrever-te. é que às vezes me fazes lembrar o "Memória de Elefante", o único romance do António Lobo Antunes que consegui ler, e em que as coisas não acabam bem (porque ela morre ou eles se separam, já não sei), mas são tão boas enquanto duram. e era só isto, porque nunca me foi fácil clarificar ideias e de alguns tempos para cá é-me difícil elucidar pulsões.

6 de novembro de 2006

Voou

uma mulher de lábios pintados de carmim e sapatos de salto-agulha acenava-lhe do espelho, com as unhas pintadas de um salmão nauseabundo. aquela cor de verniz incomodava-a.
uma mulher em camisa-de-dormir demasiado curta para a idade arrastou-se da casa-de-banho até ao quarto. abriu a janela, contou 6 pisos até ao chão, e voou.
depois de escrever duas frases, concluiu que não tinha jeito para tragédias imediatas.