tenho um quarto novo. este tem janela. ainda assim, trouxe comigo as representações de janelas que fui reunindo ao longo da reclusão no cubículo das seis paredes para resolver a impossibilidade da evasão. e não sei dizer qual me leva para mais longe:
o objecto ou a imagem?
é que há azulejos em tons de azul e ocre, paus de madeira encaixados num muro erodido, uma teia de aranha em contra-luz, a sombra de uma rosácea de convento, um bigode surrealista, margaridas amarelas numa varanda trabalhada, arabescos de ferro pintado de branco numa parede escravunçada, moinhos de vento de todas as cores, vidros quadrados partidos.
e a minha preferida: aquela que nunca teria sido o que é se não tivesse sido fotografada a preto e branco. aquela que, apesar de estar relativamente perto, dificilmente conseguirei localizar se lá quiser voltar. sei que fica ao pé de uma igreja. e que foi o terceiro disparo de uma viagem primeira, que fizemos para ver a ilha. onde vamos este ano?