enquanto troco impressões sobre a orientação temporo-espacial nos dias inúteis (por oposição aos dias úteis, de segunda a sexta e excluindo os feriados), escrevo na agenda as coisas que devo fazer amanhã, porque assim estruturo um amanhã urgente em que devo continuar a respirar e a executar tarefas e a ignorar a agonia que apesar de já não me apertar a garganta me persiste na continuidade do eu. há anos que defini o objectivo, vou improvisando a estratégia, e se ainda me reconheço não será constrangedor mudar de rumo. sinto-me confortável com o conceito, não acrescenta nada de novo ao que têm sido as minhas impressões e expressões do mundo. dantes costumava desenhar personagens de banda-desenhada, uma vez até fiz um homem-aranha com os traços todos da teia, é o meu dom para transformar actividades lúdicas em rituais compulsivos. tenho que ir lavar os dentes.