29 de agosto de 2009

Je veux seulement t'oublier


Et puis je fume.


a acss anunciou a data da condenação (vulgo prova nacional de seriação, exame da especialidade, exame harrison, "quem nós sabemos"). dezanove de novembro. agora e até lá, resta-vos encher-me de mimos, todos os que vos vierem à cabeça. tenho esta estratégia de coping com a ansiedade e de evitação de conflitos segundo alguns, que faz de mim um ser afável na maior parte dos dias e um serial killer impulsivo em determinados momentos, não se deixem enganar pela calma à superfície. mas, é claro, deixem-me a mim acreditar que estou extremamente calma e tenho tudo sob controlo.

28 de agosto de 2009

Mais Estantes









depois das janelas e dos stencils, o meu herbário fotográfico é agora povoado por estantes. de amigos próximos e de alfarrabistas de lugares distantes. aqui ficam (muito mal dados) os primeiros passos de uma obsessão em princípio de carreira.

27 de agosto de 2009

Dona Filomena

estou a aburguesar-me. não sem auto-crítica, não sem algum remorso. a culpada é uma senhora que usa camisolas com padrões de leopardo, calças de ganga colorida justas e cabelo cobreado. seu nome é dona filomena. morava na nossa rua, umas portas mais acima. certa manhã, estando nós em estado de necessidade, tendo apelado aos conhecimentos da prima do terceiro andar, dona filomena entrou-nos pela casa, abriu a janela, acendeu um cigarro e disse dramaticamente: "isto está um horror, menina". na semana seguinte, trouxe um escadote e reclamou por sonasol. seguiu-se um doce matrimónio empresarial. por uma ninharia à hora, limpou as tabuinhas da janela da sala, manteve os azulejos da cozinha brancos semana após semana, e começara já a fazer uma coisa que não julgáramos ser possível na nossa casa partilhada de jovens adultas solteiras: as limpezas de verão. vinha às sextas-feiras logo depois de almoço. éramos felizes. até que quis o destino que um qualquer quarentão divorciado lhe aquecesse os pés e a levasse para os lados de queluz. primeiro, pensámos que deixava de aparecer. para sempre. passadas umas semanas ligámos, disse que vinha, só que à sexta-feira não calhava bem. dona filomena voltou, e de novo a sensação de que devíamos envelhecer juntas. foi por pouco tempo. agora, está a substituir alguém durante as férias, lá em queluz. só podia vir ao sábado, e a nós não nos dava jeito. diz que talvez volte em setembro. pode bem imaginar as saudades que temos suas, dona filomena.

26 de agosto de 2009

Gli Indifferenti

tentei reeducar-me para o estoicismo, mas o mais próximo que consegui foi um estado misto de apatia e alexitimia. amortizar os espasmos de instinto, gerir a ansiedade, sublimar as más intenções infundadas e, sobretudo, descrer em todos os momentos, e principalmente em circunstâncias que propiciem a euforia, da possibilidade da felicidade. não, isso só acontece aos outros. porque para se ser feliz também se tem que ser, noutros momentos, desesperadamente infeliz, estar desgrenhadamente perdido do sentido da vida, que obviamente é outra cabala dos que se educam para a espiritualidade. bom, mudei de ideias. afinal, o caos que desorganiza as forças psicodinâmicas não tende senão para a sobrevivência. e sobreviver é, em última instância, estar-se relativamente contente mesmo face à adversidade. por isso deixemo-nos de coisas. estamos no fim de agosto, há que aproveitar o sol. com unhas, dentes e bikinis reduzidos.

23 de agosto de 2009

Laura Santos

é verdade, esta é uma questão que me atormenta repetidamente e sobre a qual tenho já reflectido longamente: se, por um lado, creio que a auto-suficiência deve ser bandeira da mulher moderna de esquerda, versátil entre o hemiciclo e o aspirador, que deve a laura santos ser a sua segunda doutrina, que deve aguardar o companheiro ao fim da tarde envergando um vestido leve de padrão floral, mas já com a perna de peru no forno exalando o vapor acre do colorau (ou qualquer alternativa vegan), por outro lado há ocasiões em que me apetece comprar uma jovem timorense, cambodjana ou tailandesa para me pôr a casa em ordem e o jantar na mesa depois da luta. e tão bem o zé diogo resumiu esta minha inquietação (a propósito da mandatária do PS que tem uma empregada que lhe descaroça as uvas). saiu hoje, na pública.

« Pode parecer estranho, mas para a Esquerda é desconfortável lidar com este género de ocupação profissional. Há uma relutância em admitir a sua existência. São pessoas que precisam de trabalhar, mas o seu trabalho contribui para que a burguesia se aburguese. Uma empregada lembra aos esquerdistas que nunca vai haver um mundo onde todos façam o mesmo, porque ninguém gosta de lavar a loiça. E a Esquerda tem vergonha em admitir que, por mais nobre e puro que seja o seu propósito, ainda assim precisa de alguém que lhe faça a cama. A grandiosa missão de salvar a humanidade não liga bem com as pequenas maçadas domésticas. É muito giro reformar o mundo, mas perde metade da graça se for feito com peúgas mal lavadas. Por isso é preciso (e peço desculpa se ofendo) "empregar" alguém para estas tarefas. »
José Diogo Quintela, em Uma empregada mal empregada

22 de agosto de 2009

A Feira, os Brinquedos e as Crianças

uma pistola que deita bolas de sabão. literariamente, pode ser várias figuras de estilo. é um bocado de plástico transparente com peças coloridas, simbolicamente perverso e esteticamente piroso, nas mãos de uma criança.

15 de agosto de 2009

Carl & Ellie

Up / Altamente (2009)
Pete Docter
now, something completely different. afinal, estamos na silly season, é a altura certa para fazer estas coisas, como ir às salas comerciais ver filmes de animação. como já disse, estes locais não são exactamente o meu habitat, mas ora, a motivação cultural não fecha para férias em agosto. e, bem a propósito, o filme narra a viagem empreendida por uma dupla inesperada às cataratas do paraíso, num meio de transporte peculiar.

13 de agosto de 2009

Exiting Recession

o que mais me apetece, nestes dias, é estar a sul de um qualquer ponto de referência e com os pés no mar. por força das circunstâncias assim não é. rumei a norte desse ponto em busca de alguma disciplina, que teima em não se estabelecer, hoje devido às condições climatéricas. entretanto anuncia-se um crescimento económico de 0,3% em dois grandes países da europa.

7 de agosto de 2009

Desfrontalização

olhem, hoje estou zangada com o mundo, por tudo e por nada. apetece-me enfiar a cabeça debaixo da almofada, esconder-me da luz toda encolhida e fazer birra, que tão bem sei fazer. há mil coisas divertidas para fazer fora da cama, mil sítios para ver e mil e uma noites. mas eu estou zangada, porque até me livrar do meu amiguinho colorido, para quem não sabe é o hediondo tratado de medicina interna que dá pelo nome de harrison, vou ver todas essas possibilidades um pouco limitadas. por isso, se está ao vosso alcance, estraguem-me com mimos porque eu preciso. mandem-me mensagens a dizer como sou fofinha, façam-me bolos de chocolate e venham trazer-mo a casa, levem-me aos saldos a comprar vestidos, façam-me feliz porque eu agora não tenho cabeça. e desculpem se a qualidade do blog estiver em queda livre. voltará a ser o que era, melhor quiçá, quando eu me safar de mais esta. e safo-me sempre tão bem, como sabem.

4 de agosto de 2009

Ego-sintonia

tenho alguns "vícios". na clássica acepção do termo: coisas que me fazem sentir uma necessidade irreprimível de as fazer repetidamente, apesar de me serem de alguma forma prejudiciais, de eu ter a consciência disso, e de me manter na plena posse das minhas capacidades cognitivas. tenho traços obsessivos-compulsivos. o que, na óptica da psiquiatria, distingue a obsessão do delírio é o carácter ego-distónico do primeiro e ego-sintónico do segundo. apesar de não ter aprofundado a etimologia do vício, creio que muito se pode teorizar em torno dos três conceitos. objectiva e subjectivamente. como por exemplo: uma actividade repetitiva ainda que ego-sintónica é um vício? e esse vício motivado por um delírio?

3 de agosto de 2009

Raúl

«A mí no me eligieron Presidente para restaurar el capitalismo en Cuba ni para entregar la Revolución. Fui elegido para defender, mantener y continuar perfeccionando el socialismo, no para destruirlo.

Es algo que debe quedar muy claro porque representa la firme voluntad del pueblo cubano al aprobar en febrero de 1976 en referéndum, con el voto directo y secreto del 97,7% de los electores, la Constitución de la República, la cual en su primer artículo expresa: "Cuba es un Estado Socialista de trabajadores, independiente y soberano, organizado con todos y para el bien de todos, como república unitaria y democrática, para el disfrute de la libertad política, la justicia social, el bienestar individual y colectivo y la solidaridad humana".»

Raúl Castro, 1 de Agosto de 2009

1 de agosto de 2009

Boheme Sauvage

Thomas Peter/Reuters